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Como destruir um povo


Num lugar muito bonito havia uma pequena cidadezinha chamada Vila Feliz. Cidade aprazível, com casas bem feitas, ruas limpas, e no centro uma igreja dedicada a mais pura de todas as criaturas: Nossa Senhora da Sabedoria. Havia harmonia, amizade e assim todos eram muito felizes.

Certa feita, um estrangeiro chegou nessa cidade. Todos olhavam para ele com cautela, pois tinha o rosto sombrio, trajava roupas muito escuras e quase não falava. O estrangeiro andou por toda a cidade observando tudo e todos. Tinha o aspecto de soberba e no rosto uma sombra de malícia e maldade. Parecia o próprio demônio.

O estrangeiro se hospedou num hotel pequeno da cidade e começou a tratar todo mundo muito bem. Dava muitas gorjetas, procurava ser gentil, etc., e acabou por fazer amizade com muitas pessoas daquela região. As pessoas até chegavam a pensar: “Ele tem o aspecto horrível, mas é bom de coração. Coitado, não devemos julgar os outros. Ele realmente é uma pessoa boa”.

Porém o que todos não sabiam é que o estrangeiro odiava a cidade, porque odiava o belo e o bom. Odiava tudo aquilo que Deus tinha criado, pois era um homem todo entregue ao mal. Mas, dessa forma, iludindo a todos, foi se introduzindo na cidade e espalhando aos poucos, muito aos poucos, os seus péssimos costumes. 

Todos sabiam que ele era muito rico, mas ninguém sabia de onde vinha sua fortuna. Criou uma fábrica, deu empregos, ajudou os necessitados, tudo sempre com segundas intenções. Uma coisa era notória: o estrangeiro nunca ia a Missa e jamais fazia o sinal da Cruz.

Boa amizade para os preguiçosos que começaram a ir às festas que ele fazia na sua propriedade, justamente na hora da Missa. E muitos, para não perder o emprego, iam às festas, pois o estranho não ficava agradado quando alguém faltasse.

A fama de “delícias” das festas foi se estendendo pela cidade, chegando ao ponto de poucas pessoas irem à Missa, mas nas festas nababescas que o estrangeiro fazia ninguém faltava.

O espírito de piedade que então era o tônus da cidade foi, aos poucos, se transformando em espírito festivo despreocupado e fútil.

O estrangeiro só observava e planejava...

Para alguns mais arrojados, chegou a oferecer drogas, e é claro foram aceitas. Para outros, mais “lentos” no processo revolucionário, o estrangeiro oferecia comida em fartura, muita educação e polidez no trato (para que ele não perdesse nenhum dos que ali estavam, dava a cada um exatamente o que queriam de acordo com o grau de decadência que se encontravam). Mas jamais deixou de sempre forçar um pouco nas tendências revolucionárias, mas sempre moderadamente... espertamente...

Dessa forma o estrangeiro controlava a todos. E tinha todos na sua mão, longe da Igreja.

Assim foi por muitos anos, até que a cidade já estava toda inteira mergulhada no pecado. Esqueceram-se até das aulas de catecismo e já não distinguiam entre o que era certo e errado. E ainda pior, achavam que o errado era certo. E que o certo era exagero do passado, mas ser moderno significava “o novo”, e era “o novo” que o estrangeiro trazia para todos.

Um certo dia, quando a cidade já estava toda controlada e dominada pelo estrangeiro, já toda decaída e a igreja abandonada, aconteceu a pior de todas as tragédias.O estrangeiro sabia que havia uma barragem de água desviando um grande rio para as margens da cidade. Já destruída a moral da cidade, já tendo todos em pecado, só lhe faltava uma ultima missão: destruir a cidade por completo. E assim o fez. Dinamitou as comportas da barragem e as águas repentinamente adentraram na cidade matando a todos, cobrindo a cidade toda até o pico mais alto de suas torres.

Agora sim. A missão do estrangeiro estava realizada. 

Era o demônio que, por ódio a Deus, queria destruir a alma e a cidade católica.

Os barcos quando navegavam por aquele lago imenso sempre ouviam um sino... um sino misterioso que não sabiam de onde vinha... Parecia um toque de arrependimento. Eram as águas que balançavam o sino da igreja submersa...

CONSELHO FINAL: Uma árvore sadia e forte, ninguém derruba. Apodreça-a para que depois uma leve brisa possa a derrubar tranquilamente.

Primeiro destrua a moral e a ordem da cidade e de nossos jovens, por que depois eles ficarão a mercê de qualquer “poderoso”, desde que esse “poderoso” não proíba nada, dê liberdade total de costumes, e ainda crie leis que proíbam qualquer proibição.

Se essa história se parecer com os nossos dias, é mera coincidência.
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