Jesus, que sobe ao céu apartando-se dos homens e do mundo, nos convida a subir com a nossa alma para aspirar aos bens eternos, renunciando aos bens passageiros deste mundo pobre.
Contemplando a ascensão de Jesus, ouvimos como fosse se dirigida a nós a vibrante exortação de São Paulo aos cristãos colossenses: "Buscai as coisas do alto! Saboreai as coisas do alto, não as da terra" (Cl 3,2).
Se de fato olhássemos mais para cima, quantas esperanças e consolações receberíamos de Deus, que não recebemos dos homens nem do mundo!
A mãe heroica dos sete irmãos macabeus, depois da matança dos seis primeiros filhos, exortou o sétimo, o menor, a enfrentar o martírio com coragem: "Meu filho, olha para o céu!" (2 Mac 7, 28). O mesmo se lê nos atos do martírio de São Timóteo. O santo, corajoso, foi imerso em cal. Entre os terríveis espasmos, ele ouviu os anjos lhe dizerem: "Levanta a cabeça e pensa no céu que te espera".
Infelizmente, as pessoas não sabem mais viver sem ser assoladas pelos interesses e pelas preocupações materiais. O bem-estar e o consumismo as absorvem. Elas não sabem, não conseguem pensar em mais nada. Sexo, esportes, política, dinheiro, diversão, negócios, sucesso, televisão, mídia: é um bombardeio todos os dias, um ataque de alegrias turbulentas e de tristezas que derrubam, uma correria nervosa que domina os homens e os empurra cegamente, num contorcer-se que não tem nenhum sentido nem escopo, a não ser aquele prazer agoniado das breves satisfações mundanas. Mais ou menos como os animais. Diz muito bem o Espírito Santo por intermédio do profeta: "O homem, na prosperidade, não compreende. É como os animais" (Sl 48,21).
Na vida do beato Henrique Susone, dominicano, lemos que, quando criança, em passeio de barco pelo magnífico Lago Ueberlingen ao lado de mãe e contemplando as ondas que brilhavam como pérolas, ele disse a ela, estupefato: "Mãe, olha quantas pérolas!". "Sim", respondeu a mãe, "parecem pérolas, mas, se tentares pegá-las com a mão, só recolherás um pouco de água fria. Em vez disso, olha para o sol e pensa no Sol eterno que é Deus".
Jesus é o sol, e a sua ascensão nos chama para cima, bem para o alto. A educação cristã se beneficiaria muito da lembrança constante deste mistério da ascensão, que nos revela o destino final da nossa jornada terrena seguindo os passos de Jesus: a subida ao Paraíso.
Na família de Santa Teresinha, por exemplo, todas as noites, além da recitação do rosário que jamais ficava relegada, aqueles pais exemplares falavam para os filhos das verdades eternas. E santa Teresinha, um dia, escreveria: "Ao ouvir os nossos pais falarem da eternidade e das coisas santas, nós nos sentíamos dispostos a considerar as coisas do mundo como vaidade, mesmo sendo ainda tão pequenos. A certeza de um dia partir para longe da minha terra escura me fora dada desde a infância... Eu sentia no meu coração, por meio de aspirações íntimas e profundas, que outra terra, uma região muito mais bela, seria um dia a minha casa...".
O desapego do mundo nos alça para o céu e nos faz pensar na eternidade. O pensamento da eternidade evoca o céu e o inferno, e a escolha do céu nos compromete na luta contra o pecado, que o diabo, a carne e o mundo querem nos levar a cometer, para nos precipitar na eternidade do inferno.
Bem dizia a pequena Jacinta de Fátima, quando afirmava: "Se os homens soubessem o que é a eternidade, fariam de tudo para mudar de vida!". E a sabedoria de Jó nos lembra que os dias do homem "passam mais velozes do que o fio no carretel" (Jó 7,6), e que a nossa vida "é uma flor que logo murcha, uma sombra que desaparece" (14,1.2), para em seguida nos encontrarmos diante de Deus e da eternidade.
Contemplando a ascensão de Jesus ao céu, oremos ao Imaculado Coração de Maria e peçamos que ela mantenha o nosso pobre coração sempre voltado para o céu.
Virtude a praticar: o desapego do mundo.
Pe. Stefano M. Manelli F.I.
Fundador dos Franciscanos da Imaculada explica o desejo dos homens de olhar para o céu